Este trabalho de arte propõe a coleta de fungos e esporos em vários territórios abandonados e cidades-fantasma, cultivando-os em placas de Petri para posteriormente transferi-los para papéis, formando um desenho colaborativo entre a artista e o reino fungi. Espécies diversas – incluindo fungos – coexistem e se entrelaçam em ecossistemas perturbados pela ação humana. Nesta obra, a coleta de esporos em territórios abandonados alude ao conceito de emaranhamento de diferentes tipos de vida em diferentes tempos: ao fazer prosperar fungos coletados em espaços abandonados por populações humanas, traz-se para o visível algo de uma vida que existiu um dia nesses locais, evocando os fantasmas dessas paisagem e rastros de múltiplos passados invisíveis.
Os fungos, como muitos organismos filamentosos, revelam temporalidades diferentes das nossas. Potencialmente imortais, eles não morrem com o passar do tempo e se espalham continuamente em redes de filamentos renovados. Esses fungos fantasmas mostram-nos temporalidades múltiplas, nas quais vidas invisíveis e contínuas coexistem com paisagens  já esquecidas pelos humanos. Ao prestar atenção no tempo dos fungos, em vez de os impor o nosso, abrimo-nos para a possibilidade de um tipo diferente de habitabilidade, onde paisagens são efêmeras em comparação com a resiliência das espécies. Essa obra é, portanto, uma cartografia viva dos intervalos e margens do tempo, onde o presente é apenas uma camada em meio a tantas outras que habitam e persistem no que chamamos de ruínas.
This artwork proposes the collection of fungi and spores from various abandoned territories and ghost towns, cultivating them in Petri dishes to later transfer them onto paper, creating a collaborative drawing between the artist and the fungal kingdom. Diverse species – including fungi – coexist and intertwine within ecosystems disrupted by human action. In this work, the collection of spores from abandoned territories alludes to the concept of entanglement among different types of life across various times: by cultivating fungi gathered from spaces abandoned by human populations, something of a life that once existed in these places is brought into visibility, evoking the ghosts of these landscapes and traces of multiple, invisible pasts.

Fungi, like many filamentous organisms, reveal temporalities different from our own. Potentially immortal, they do not perish with the mere passage of time, but rather spread continuously in networks of self-renewing filaments. These ghost fungi reveal to us multiple temporalities, where invisible, continuous lives coexist with landscapes already forgotten by humans. By attuning to the fungi’s sense of time rather than imposing our own, we open ourselves to the possibility of a different kind of habitability, where landscapes are ephemeral compared to the resilience of species. This work is, therefore, a living cartography of the intervals and edges of time, where the present is but one layer among many others that inhabit and persist in what we call ruins.
Estudos sobre desenvolvimento de micélios e biomateriais, com Adriana Fukunari, 2024.
Serra da Capivara, Piauí, Brasil, 2024.
A partir de uma folha colhida na Serra da Capivara, coletei um fungo presente na folha
 e o deixei crescer sob um pequeno desenho.

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