Desde o ano de 2018, a cidade de São Paulo vem passando por um imenso processo de verticalização. A proposta inicial do plano diretor aprovado era permitir o adensamento populacional de moradias de interesse social em áreas que oferecessem bom acesso à serviços: transporte, hospitais, escolas. Porém, com a pandemia de 2020, ascensão de governos de extrema-direita e empobrecimento geral da população, normas foram transgredidas e  construtoras  passaram a comprar quarteirões inteiros de casas antigas para demolir e subir prédios com habitações de dois tipos: estúdios de 16 a 20m2, focados em vendas para investidores ou apartamentos de 150 a 200m2, de "alto padrão". 
Em 2020, 1.363 alvarás de demolição foram emitidos no município de São Paulo; ao mesmo tempo, a cidade enfrenta um aumento expressivo da população de rua: em 2023 foram contabilizadas 52.000 pessoas sem acesso à moradia.
O que acontece com a cidade diante dessa realidade? A criação sem freios de espaços que não possuem uma identidade cultural definida, não são lugares de habitação e não estabelecem relações duradouras entre as pessoas que os frequentam. Esses espaços são caracterizados pela transitoriedade e pela falta de memória e história; são marcados pela homogeneização e pelo anonimato, dificultando a criação de identidades e relações sociais significativas.
Em contraponto a essa pasteurização, existe  a arquitetura do interior e da periferia: a arquitetura vernacular, que se desenvolve a partir das necessidades locais de uma determinada região, fazendo uso de materiais e técnicas construtivas improvisados, que se adapta à condições climáticas, topográficas e culturais. É a arquitetura do possível. 

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